terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

EDUCAÇÃO SEXUAL NO ENSINO FUNDAMENTAL... ORIENTAÇÃO OU DESORIENTAÇÃO?



Todas as crianças em idade escolar são inocentes, puras e se sadias também são sexualizadas. Negar-lhes, com um ideal arcaico, proibitivo, leigo e preconceituoso, as informações de que nelas existirá uma vida sexual, que começa a partir da puberdade, é uma falácia da ideologia puritana e perniciosa. E por mais que seja estranho essas pessoas que negam a existência da sexualidade nas crianças, ainda insistem em negar esforços educacionais habilitados nesse sentido e insistem também em perseguir as manifestações no mesmo sentido e, por vezes, com um máximo de severidade. Citando até mesmo o remoto Freud: esses (...) “senhores estão cometendo o erro de confundir sexualidade com reprodução, e com isto estão bloqueando seu caminho para a compreensão da sexualidade, das perversões e das neuroses. Este é, contudo, um erro tendencioso. Estranhamente, origina-se do fato de que os senhores mesmos uma vez foram crianças e, enquanto eram crianças estiveram sob a influência da educação. Pois a sociedade deve assumir como uma das mais importantes tarefas educadoras domar e restringir o instinto sexual quando este irrompe como impulso à reprodução, e sujeitá-lo a uma vontade individual (...)”. Mas, falamos da falta dessa educação...

Na idade do ensino fundamental, o adolescente atinge certo grau de maturidade intelectual e que através da educabilidade, para todos os fins práticos, justifica a metodologia da educação sexual nas escolas.

Os educadores e orientadores sexuais cumprem a missão de suprir o vácuo informativo criado, na maioria dos pais, do temor de serem eles mesmos esses educadores, uma vez que são ou se fazem impedidos pela inércia da própria desinformação ou da própria hipocrisia sobre os aspectos da sexualidade. Pois, indiscutivelmente, essa maioria de pais pensa erradamente que poderiam por “idéias nas cabeças dos jovens”, falando de sexo, ou melhor, falando de sexualidade. Os educadores, diferente dos orientadores, tratam não só dos aspectos da informação da fisiologia sexual e das doenças sexualmente transmissíveis, mas de uma vasta temática que abarca grandes dúvidas nos adolescentes, tais como: a afetividade, o amor, o namoro, a homossexualidade, o “ficar”, a gravidez indesejada, o relacionamento interpessoal, os sentimentos e desejos, a auto-estima, o auto-erostimo, sexualidade e drogas, etc. Bem como, quando necessário, buscam resoluções dos problemas dos jovens, já num outro momento, em acompanhamento com os pais, que já vivem as possíveis conseqüências negativas da desinformação, por encaminhamentos, numa abordagem interdisciplinar (médicos ou psicólogos).

A sexualidade ou função sexual está presente em todas as realizações de caráter humano e assim o será sempre. Considerando-a um atributo inerente à pessoa humana, manifestando-se independentemente de qualquer ensinamento, a sexualidade ocupa o seu espaço e se faz presente nas atitudes, comunicação, no consciente, no inconsciente e que inclui a função erótica e reprodutora, as quais essas duas últimas as transcende em muito. Mas, não é a sexualidade em si que provoca danos, mas justamente a sua repressão e a ignorância em torno dela. Como disse, a maioria dos pais sentem-se estranhamente ameaçados pela sexualidade do adolescente e tentam controlá-la das maneiras mais ilógicas, não só através da negação. Alguns pensam que colocar educação sexual nas escolas poderia realmente inserir, precocemente, idéias nas suas cabeças e restringem em casa, por exemplo, as informações sobre métodos anti-concepcionais, na crença de que os jovens devem aprender é a ter medo da gravidez, ao invés de saber como evitá-la; censuram o que o jovem pode ver na televisão ou na internet, como se isso fosse possível, acreditando que mentes puras têm pensamentos puros; controlam o tamanho de suas roupas, imaginando que o decoro impede os pensamentos eróticos e o pior de tudo, fazem de conta que a sexualidade do adolescente não existirá nunca, criando problemas ou agravando alguns que já podem estar ocorrendo. Então, verdadeiramente, os adolescentes são as únicas vítimas a não concordar e a sofrer com as angústias da desinformação contida nessas convenções, perante o que normal e até esperado.

Portanto, a sexualidade inserida no contexto escolar é de extrema importância, pois tudo que nós fazemos, jovens ou mesmo adultos, no nosso dia-a-dia, o fazemos como homem ou como mulher e o crescimento e amadurecimento psicossexual nunca termina, estamos sempre aprendendo os vários e interligados aspectos da sexualidade e também, certamente, estamos ligados às suas conseqüências boas ou ruins. Urge encarar o tema da educação sexual nas escolas com extrema responsabilidade e respeito a esse fazer, que busca uma melhor integração do jovem através de uma adequada orientação para que vivam a sexualidade da forma mais livre, pois a informação educativa proporciona o uso mais responsável da liberdade e é um importante investimento a favor dessa mais plena realização humana.