segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

ESCLARECENDO AS DISFUNÇÕES SEXUAIS MASCULINAS...



Disfunções sexuais são alterações do padrão normal de resposta da função sexual. Associam-se às alterações ou ao mau funcionamento da psiconeurofisiologia sexual: os distúrbios da excitação (disfunção erétil), do desejo (inibição do desejo sexual ou inapetência sexual) e do orgasmo (ejaculação precoce, retardada e anedonia ejaculatória).

O distúrbio eretivo ou, comum e pejorativamente chamado de, impotência sexual é a ausência, a perda ou a não manutenção de ereção suficiente para a penetração ou coito. Advém de várias causas: psicogênica, neurogênica, hormonal, vascular, medicamentosa e anormalidades orgânicas ou no pênis. Essas causas podem atuar de forma isolada ou em conjunto. As causas psicológicas mais comuns para os distúrbios eretivos são pela inibição do desejo sexual; o temor de desempenho com o medo de falhar (ansiedade); da exigência excessiva no resultado; do relacionamento dinâmico e conflituoso que gere, em relação a parceira, ira ou muita competição; das manifestações de insegurança e da falta de confiança; de sentimentos de inferioridade e inadequação em relação a parceira; como reflexo da autoridade da parceira; do conflito pessoal religioso em relação à sexualidade; dentre outros. O alcoolismo e o tabagismo como causas de alterações orgânicas que desencadeiam distúrbios eretivos são as mais comuns. Pode estar associada ou ser causa de outro quadro, a ejaculação precoce.

A ejaculação precoce é de difícil classificação uma vez que o homem pode não ser rápido demais para algumas parceiras e ser para outras, portanto é ejaculador precoce o homem que não tem controle ejaculatório suficiente (do homem que nunca teve ou que passa a não ter) para dar tempo suficiente a sua parceira obter satisfação com o orgasmo, em mais de 50% das situações de coito. As causas mais comuns são a ansiedade, o condicionamento, irritações ou inflamações da próstata ou uretra e, em um número considerável de casos, a associação a comprometimentos intrapsíquicos próprios do paciente. Outro distúrbio da ejaculação é a queixa contrária, ou seja, o homem que apresenta bloqueios ejaculatórios ou ejaculação retardada. Ocorre também, bem mais rara, a anedonia ejaculatória que é a ejaculação não acompanhada da sensação de prazer no orgasmo.

No desejo, ocorre a sua inibição que é uma disfunção bem comum entre os homens e não pode mais ser exclusivamente associada às queixas femininas, apesar das medicações existentes no mercado e que não funcionam sem a presença do desejo sexual nas relações. Ocorre diminuição do apetite sexual em função de crises profissionais, econômicas e afetivas, stress, idade, mudanças, habituação sexual ou trocas eróticas empobrecidas entre o casal, clima sexual tenso, como reação às várias manifestações da depressão reativa ou endógena medicadas ou não, estados clínicos, dentre outros.

Alguns dados estatísticos servem para confirmar, como exemplo, que um dos problemas sexuais masculinos mais comuns vai continuar sempre a existir. No Brasil, a disfunção erétil incide em 2% dos homens entre 20 e 40 anos; 12% entre homens de 41 a 50 anos; 18% entre homens de 51 a 60 anos; 30% entre homens de 61 a 70 anos e 52% entre os homens com mais de 71 anos. Nas disfunções com causas exclusivamente psicogênicas, o resultado com a terapia de casais tem um percentual de sucesso que abrange 95% após, em média, 10 sessões num processo de terapia breve focada na queixa, mas que muito a ultrapassa. Contudo, a taxa de evasão é de 52% aos primeiros sinais de algum sucesso terapêutico. Já outras queixas com causas conjuntas são melhores abordadas se houver a possibilidade de um atendimento paralelo psicológico e médico, muitas vezes imprescindível, onde se soma outros fazeres específicos, tais como: o uso de comprimidos, injeções intracavernosas de drogas vasoativas, o implante peniano, o tratamento das doenças endócrinas e a restauração vascular, dentre outros.

A parceira de um homem com uma disfunção sexual nunca está alheia ao problema. Muitas vezes essa parceira é tolerante, carinhosa e, por vezes, se sente até mesmo culpada pelo baixo desempenho do parceiro e o apóia na busca de uma solução, de um tratamento ou pode se sentir indignada, rejeitada e passar a exigir resultados, se eximindo de qualquer parte no problema. Ocorre que o problema sexual de um é também o do outro e queixas simultâneas são comuns.
Pela prática, entretanto, um fato que se pode afirmar é de que o queixoso sexual pode estar omitindo, sofrendo e tentando resistir a sua dificuldade há muito tempo. Muitos homens, de todos os graus de cultura, raramente se mobilizam aos primeiros sinais de mudanças na função sexual e protelam ao longo de anos em buscar a ajuda de um especialista em casais (vide postagem: TRATANDO OS PROBLEMAS SEXUAIS...) ou de outra área, pois, lamentavelmente, são reféns de um mito masculino remoto e arraigado: “É responsabilidade do homem resolver tudo com a sua parceira na cama” e ainda se sentem constrangidos de terem de buscar a inclusão de um terceiro no assunto. Contudo, ao longo de décadas de existência do estudo e tratamento da sexualidade humana, a comunicação moderna tem divulgado e conseguido a difícil tarefa de sanar ou amenizar as seqüelas desse mito e os profissionais especializados da área da psicologia e da medicina estão sendo reconhecidos como imbuídos na missão de ajudar, aliviar e tratar os distúrbios sexuais.