DELÍRIO PARANÓIDE DE CIÚME
O ciúme é o vilão mais presente em
inúmeras histórias de amor mal sucedido. A pessoa ciumenta se torna paranóica sofrendo,
e fazendo sofrer, com as suas interpretações de uma realidade que não coincidem
com a própria realidade. Invariavelmente essa pessoa danifica a qualidade de
vida do casal e pode ser muito destrutiva, excessivamente controladora na vida
amorosa, sentindo invariavelmente baixa autoestima pela extrema insegurança, ansiedade
e raiva ou medo o tempo todo.
A semelhança da reação paranóide
com “cismas” normais sempre atraiu a atenção da psicologia. Na realidade, não
há como discriminá-las entre si de forma puramente descritiva.
O ciúme delirante pode se revelar
numa crença real, onde uma pessoa acredita que seu par esta sendo infiel assumindo
atitudes das quais parece claramente não se responsabilizar como: seguir a
pessoa, olhar sua carteira, bolsa ou celulares, cheirar a roupa buscando
perfumes, procurar fios de cabelo nas roupas, etc, acreditando que vai descobrir
um/uma amante e finalmente poder desmascarar.
Tais comportamentos e acusações
sempre infundadas podem conduzir o companheiro/a fiel à infidelidade pela
tensão constante e sem motivo causada nele pela rotina delirante, que mina a
lealdade ou confiabilidade existente. A diminuição de consideração e afeição ao
parceiro acusador resultam em aversão e baixa de desejo sexual ao mesmo, pouco
importando seus apelos sentimentais ou os vários pedidos de perdão pelas
acusações infundadas.
As pesquisas indicam um caráter
Biopsicosociocultural para esse distúrbio com evidencias de causas bioquímicas,
criação Familiar extremamente rigorosa e cruel, por vezes, abandônica e o
stress como desencadeadores. Enquanto um quadro clínico, predomina a angústia
do abandono e a necessidade de segurança. Não corresponde necessariamente a um
abandono sofrido na infância, mas a vivência de atitudes afetivas de pessoas
significativas, sentidas como recusas. As características mencionadas são
traços normais na maioria das pessoas, contudo em personalidades predisponentes
rígidas e não adaptativas constituem o transtorno.
O prognóstico terapêutico
favorável deve ser visto com reservas, mas a terapia cognitiva pode ajudar no
ciúme patológico, em terapias de longo prazo.