terça-feira, 27 de janeiro de 2009

A LUTA DIÁRIA DO AMOR VERDADEIRO.



Quando as pessoas conscientemente não se gostam, pronto. Resolvido facilmente! Não houve identidade, não aconteceu nenhuma paixão e as pessoas só estavam ali, tentando. Mas muitos casais que se amam viciam em terem entre si embates intermináveis em competições diárias para estabelecerem, cada uma a sua maneira, um tipo de controle, um poder sobre o outro e, principalmente, uma defesa pessoal contra o eterno fantasma do medo da entrega.


Os embates começam sempre de detalhes ínfimos ou das várias e velhas feridas abertas do passado, sempre usadas como uma espécie de lei que foi transgredida e que requer sempre ser exigida. Vendo essas pessoas se digladiarem, se acusarem e se destruírem todos os santos dias, das maneiras mais desarrazoadas possíveis, pensamos: como esses dois se odeiam!!! Mas, existem circunstâncias que não são percebidas a olhos nus. E se esse casal, tão somente, AINDA se ama? E se existe algo, muito verdadeiro e escondido, que os prende um ao outro, a cada dia, e que também os faz renascerem das cinzas do que sobrou do início da relação, que, hoje, está neurótica, doente? É, devemos nos lembrar que as pessoas escolhem por estarem presas umas as outras por uma necessidade de serem felizes... e essa necessidade não nos deixa mentir para nós mesmos e será sempre pela escolha de alguém que traga a felicidade tão desejada!


Existem outros obstáculos que são para todos e que o amor também tem de superar como a luta diária pela sobrevivência, a rotina, as contas a pagar e a falta de sonhos. Mas existe um tipo de pessoa que prefere tentar voltar à atenção somente para as suas próprias questões nessas crises e que vai tentar persistentemente eliminar a presença do parceiro ou parceira que, covarde, mas altruisticamente, não deve ou não pode mais significar uma opção, pois aquela pessoa se imagina melhor se sozinha novamente. Sem o outro por perto, que passou de mocinho a bandido, e que foi poupado de assistir, nessas situações corriqueiras, o "enfraquecimento" do mais fraco da relação, que prefere, tão somente, deixar-se ir.


O motivo mais evidente que percebo nos relacionamentos que vão vivendo de suspiros até morrerem ou se suicidarem é esse: uma das partes desiste e insiste em frustrar a pessoa amada, punindo-a como se ela concentrasse um foco de energia negativa, um epicentro que atrai as coisas ruins que surgem na relação e essa outra se torna um buraco-negro da relação.


Contudo, nas relações amorosas verdadeiras as quais não perdem o bem mais precioso para existirem, que é a confiança incontestável, mas inconsciente em ambas as partes, mesmo que temidas, de que sejam a possibilidade, a opção maior de felicidade mútua, ainda têm o amor a uni-las. Pode ser uma questão de tempo para que esse amor, que se escondeu para se proteger e apenas não quis fazer parte de tanta baixaria, se mantendo lindo e puro, se mostre e cale a boca dos dois contendores.

Fugindo e falando mais que namorando, as pessoas que brigam tanto, se ainda não perderam essa confiança, sabem que ainda muito se amam. Não há nenhuma lógica nisso e nem poderia haver, pois amor é antes de tudo um milagre! As pessoas são tão únicas nos seus universos subjetivos, nos seus conflitos e nos seus desejos, isso nunca ajudará o amor.

Então, quando o milagre do amor acontece, ele inspira e não afasta os apaixonados desiludidos nas relações mais desgastadas e adoecidas que preferem persistir no tempo, como numa penitência que deve ser paga. É só, para muitos desses amores escondidos, uma questão de tempo para que os teimosos, desistam. Para que os mais belos atos façam ceder a todas as certezas dos que precisam e gostam apenas de sempre terem razão, que os cegos e obsessivos rituais de evitação do amor chorem o tempo perdido e que, milagrosa e triunfantemente, os sentimentos mais intensos e verdadeiros fluam sem as amarras do medo da entrega.

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