sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

PREFERÊNCIA SEXUAL... apenas uma diferença!



Em uma eleição passada, os candidatos a prefeito de Belo Horizonte estavam evidentemente desesperados quando foram indagados como viam a questão da homossexualidade. Com certeza, esqueceram-se de que os homossexuais representam parte expressiva do eleitorado. E revelaram, involuntariamente, o quanto de preconceito existe disseminado na sociedade, apesar de vir aumentando a tolerância social na aceitação da relação entre pessoas do mesmo sexo.

O homem tem capacidade de ser o único dos animais que pratica sexo não exclusivamente para fins de procriação. À medida que ele se desenvolve intelectualmente, o sexo torna-se cada vez mais um hábito cultural, no qual a procura do prazer adquire um valor vital. O crescimento da liberdade individual dá visibilidade, então, às pessoas que se distinguem das demais por desenvolverem um comportamento diferente.

Na visão discriminatória da sociedade, os homossexuais gostam de sexo entre iguais porque são portadores de uma doença física ou de uma deformação moral, de caráter. Mas, na verdade, são indivíduos que, ao elegerem o prazer homoerótico, expõem uma tendência que representa não só uma opção sexual, mas é determinada indiscutivelmente por fatores sociais, culturais, biológicos e pelos inerentes as suas personalidades.

UMA DIFERENÇA...


Lamentavelmente, muitas pessoas passam a vida intransigentes, sentido uma rejeição temerosa acerca de questões que não entendem ou, simplesmente, não querem entender. Outras necessitam de uma compreensão coerente sobre algo, para tentarem uma aproximação, uma distante aceitação ou transigência. A homossexualidade ou homoerotismo é uma diferença comportamental que "incomoda" e, por serem muitas as teorias, essa questão ainda busca por uma compreensão total. As teorias tentam explicar a etiologia da homossexualidade, mas nenhuma individualmente explica todos os casos. O que se nota é uma preocupação em descobrir a causa ou causas para se tentar insistentemente evitá-la, "curando-a" do meio social. Apesar das opiniões contrárias o que se pode afirmar sobre a homossexualidade é que ela é tão remota quanto a própria humanidade e que não se trata de uma perversão sexual, sem-vergonhice, tara e, principalmente, não é um desvio de conduta ou doença do corpo ou do caráter. A condição ou situação psico-afetiva-sexual de se ter uma tendência homossexual jamais é escolhida, acontece como um fato, assim como a hetero ou bissexualidade. Esse acontecimento é a resultante de vários fatores bio-psicossociais que acabam por determinar de forma diferenciada um tipo de conduta sexual em cada um de nós.


Desde a infância, "aprendemos" culturalmente que a única escolha afetiva-sexual possível e aceitável está na heterossexualidade. Porém, o sexo biológico de muitas pessoas pode não corresponder aos seus sentimentos de identidade sexual. Algumas pessoas, uma minoria, tornam incongruente esse determinante cultural quando se sentem impelidas a reagirem de forma singular e pessoal. Ocorre então, o "desvio" do ideal pela quebra de um acordo comum normativo criado pelo maior segmento social. A conduta homossexual é, tão somente, uma forma alternativa de expressão sexual. O amor entre as pessoas do mesmo sexo não é um comportamento que ameaçe ou ponha em risco as demais. São unicamente pessoas que devem ser tomadas em suas indivisíveis totalidades psicológicas, sociais e culturais que as levaram ao homoerotismo. Ser homossexual não significa deixar de ser mais ou menos gente, mais ou menos homem ou mulher. Estúpida e injusta é a reprovação que ocorre na homofobia coletiva (identificação hostil e temerosa ao homossexual) estabelecida e utilizada como defesa pela maioria heterossexual. Não são as coisas em si mesmas que nos perturbam mas, sim, a opinião desinformada que temos delas.


A maioria dos estereótipos culturais de nossa sociedade (machista) são pouco flexíveis e os que cercam o tema sexualidade são estagnados. Como é progressivo e irreversível o crescimento da população homossexual, assim como a construção cultural da sua identidade, fica estabelecido um impasse. Uma flexibilidade nos estereótipos ofereceria uma oportunidade de se atingir um grau de compreensão e postura diante do inevitável. Repito que a maioria da população homossexual não é emocionalmente instável ou promiscua como se julga, mas é, juntamente com a minoria que a escandaliza, marginalizada. Ser excluído por se ter qualquer diferença é o maior dos estigmas que alguém pode carregar, seja homo ou heterossexual.

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