terça-feira, 20 de janeiro de 2009

VC É UMA PESSOA MUITO ANSIOSA?



A ansiedade se manifesta naturalmente nos níveis cognitivo, afetivo e somático em todos nós. A ansiedade patológica, a que gera distúrbios nas pessoas, é aquela que se manifesta como uma necessidade psicológica persistente de preencher uma “falta” interna. Essa falta, em algumas pessoas, é uma necessidade inconsciente de controlar mental e antecipadamente a vida, a si próprios, a todos e a tudo fora dessas pessoas. A ansiedade, nesse sentido, manifesta-se sempre num grau elevado por uma necessidade inconsciente de controle total que impede as pessoas, com essa característica, de serem mais sensíveis, espontâneas e criativas.


A pessoa ansiosa tenta mentalmente antecipar, em pensamento, comportamentos e idéias para controlar situações novas, pessoas ou o desconhecido a volta dela, enfim, tudo que está fora dela própria numa tentativa de atingir à perfeição em tudo e não errar nunca nos seus atos ou palavras. Essa é a resposta inconsciente, mas pouco eficiente, às cobranças e às críticas exageradas feitas por pessoas significativas, no seu passado. Essa pessoa, então, passou por um aprendizado cultural, na sua infância e adolescência, que lhe impôs o medo de errar. E depois, responde pela vida afora, por condicionamento, de forma “autônoma” às exigências rígidas de um padrão interno de comportamento pessoal que se mantém através de pensamentos e atitudes voltados para o acerto, a perfeição e para uma rotina funcional de vida.


Mas a perfeição é uma meta humanamente inatingível, pois nada associado ao ser humano é perfeito. O homem foi concebido por Deus, também para errar. O erro, então, é inerente a existência do homem, lhe foi dado e sempre fará parte de sua caminhada, a qual, diariamente, confirma que todos nós erramos!


A compreensão de que familiares ou pessoas significativas que exigiram ou exigem intransigentemente os acertos, da parte de quem, hoje, sente culpa por não conseguir obter 100% desses acertos em tudo que faz e o tempo todo, também erraram ou erram, é vital. Ser criado sob críticas e/ou cobranças faz desenvolver a conduta perfeccionista e controladora nos indivíduos mais suscetível que a adotam, como “tentativa” de fugir de reprovações externas e, principalmente, das auto-reprovações associadas aos erros. A pessoa muito ansiosa também lida com sentimentos pessoais de inferioridade e inadequação que a impede de admirar a si própria e as outras pessoas, assim como realmente são: seres humanos belos, mas falhos e com muitos limites.


Associado ao medo de errar nos relacionamentos pessoais, sexuais, profissionais, sociais e familiares está o receio de ser questionado, avaliado, enfrentado e pior, rejeitado! Daí a pessoa com esse perfil de personalidade usar de comportamentos voltados para o autoritarismo e o domínio de tudo e de todos nessas situações. Como a dinâmica pessoal do ansioso lhe é, geralmente, inconsciente, a sensação de frustração e imperfeição na ausência das impossíveis respostas perfeitas, as quais vão se evidenciando inatingíveis ao longo da sua vida, retro-alimentam o ciclo da resposta ansiosa: falhas – ansiedade – e mais falhas – e mais ansiedade. Esse comportamento inconsciente é quase sempre passado para os filhos pelas cobranças intermináveis que forjam, ao longo do tempo, um superego muito rígido nos filhos também.


O ansioso para não cometer erros e fugir a qualquer tipo de repreensão tenta viver o que ainda não ocorreu, ou seja, tenta moldar na imaginação as respostas, os comportamentos e as atitudes mais corretas e idealizadamente corretas para tudo, perdendo a sua espontaneidade e criatividade, ensaiando e imaginando o tempo todo, vivendo uma vida de antecipações e temendo as mudanças, as experiências novas... o desconhecido.


Todos temos um pouco de ansiedade no nosso comportamento, o que destoa é a necessidade de algumas pessoas insistirem, ao longo de toda a sua vida, de tentarem mecanismos de defesa onipotentes, mas efetivamente nunca operantes como forma de barrar esse temor, que vem da expectativa negativa interna, de que possam tornarem-se vulneráveis, incapazes ou imperfeitos, aos olhos das pessoas, se cometerem erros.

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